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  • Foto do escritorJoão Múrias

Ser sincero ou “Politicamente Correto”?

Atualizado: 19 de jan. de 2022

Quem quer combater o Politicamente Correto quer continuar a discriminar, sem ter a resistência desta maioria, que antes era silenciosa.

Foto: iStock

A questão presente no título passou a ser bastante recorrente entre as pessoas que perpetuam um discurso discriminatório, acabando por comprometer a mudança que o Politicamente Correto quer incentivar: evitar expressões que possam ser consideradas como ofensivas para determinados grupos sociais.


Atualmente, o Politicamente Correto ocupa um espaço muito grande e polémico no seio do debate público, tendo sido apropriado por diferentes quadrantes políticos. De um lado, temos quem defenda que o argumento do Politicamente Correto não existe e é apenas um conceito criado pela direita conservadora para evitar os progressos sociais que a esquerda invoca. Do outro, há quem reclame que “já não se pode dizer nada”, queixando-se do ataque à liberdade de expressão.


É óbvio que o Politicamente Correto não pode ser levado ao extremo, aliás, nada deve ser levado ao extremo, mas não devemos descorar a defesa dos direitos das classes minoritárias e/ou oprimidas. Há certas palavras que ofendem um determinado grupo e quem estabelece uma linha entre aquilo que é ofensivo daquilo que não é, é o próprio grupo, não o grupo dominante e/ou opressor.


O principal grupo privilegiado, o homem branco, heterossexual, com poder económico, não pode achar que, por exemplo, ao dizer “homossexual” em vez de “maricas”, a sua liberdade de expressão está a ser limitada, pois como se diz, a nossa liberdade acaba quando a do outro começa. Repreendemos aquelas pessoas que agridem ou excluem alguém por causa do sexo, orientação sexual, identidade de género ou etnia, mas não o fazemos quando as palavras estão mascaradas de piadas.


Nós vivemos em sociedade e, como tal, temos de estar conscientes dos preconceitos sociais e rejeitá-los. Estes preconceitos não se manifestam, apenas, através dos nossos comportamentos e ações, mas também através da nossa linguagem. Todas as mudanças e lutas sociais requerem esforço. Este é só mais um. Escolhemos combater as desigualdades, com a simples alteração do vocabulário quotidiano, contribuindo para a inclusão destes grupos, ao evitar expressões homofóbicas, racistas, xenófobas ou machistas.


O Politicamente Correto deve existir per si ou como complemento a uma introspeção, promotora de igualdade e dignidade da pessoa humana. Ser “Politicamente Correto” e usar uma palavra “mais aceitável”, mas continuar a acreditar em ideias preconceituosas não é o objetivo final. Quem quer combater o Politicamente Correto quer continuar a discriminar, sem ter a resistência desta maioria, que antes era silenciosa.




Artigo escrito por: João Múrias


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