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Pandemia pode acabar com 125 milhões de empregos em 2021

Atualizado: 25 de nov. de 2021

A Organização Internacional do Trabalho estima que até ao final do ano sejam perdidos 125 milhões de empregos. As disparidades em relação aos apoios económicos e à vacinação aumentam o fosso entre os países desenvolvidos e países em desenvolvimento.

Foto: Israel Andrade / Arquivo Wix

Com base na 8ª edição do estudo do ILO Monitor, “COVID-19 e o mundo do trabalho”, divulgado dia 27 de outubro, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima “que o número global de horas de trabalho em 2021 será 4.3% inferior aos níveis pré-pandémicos (o quarto trimestre de 2019), o equivalente a 125 milhões de empregos a tempo completo”. Isto significa que é necessário recuperar 125 milhões de empregos a tempo inteiro, para que o mercado laboral regresse a níveis idênticos de 2019.


A agência das Nações Unidas considera que este valor é uma “revisão dramática da projeção da OIT em junho”, que apresentava a perda de 100 milhões de empregos, pois a recuperação do mercado laboral global estagnou.


Segundo a organização, na génese deste problema está a disparidade entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, que se intensificou com a propagação do novo coronavírus. Assim, a OIT refere em comunicado que “a perda de horas de trabalho em 2021 devido à pandemia será significativamente maior do que foi estimado, uma vez que uma recuperação a duas velocidades entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento ameaça a economia global como um todo”.


Deste modo, a OIT reforça a urgente necessidade de haver “um apoio financeiro e técnico real” capaz de combater as divergências na recuperação do emprego, entre países pobres e ricos. “No terceiro trimestre de 2021, o total de horas de trabalho nos países de elevado rendimento foi 3.6% inferior ao verificado no quarto trimestre de 2019. Pelo contrário, a diferença nos países de baixo rendimento era de 5.7% e nos países de rendimento médio-baixo, de 7.3%”, lê-se no comunicado.


A região da Europa e da Ásia Central foram as que registaram menor perda de horas trabalhadas (2.5%), seguidas pela Ásia e o Pacífico com 4.6%. A África, as Américas e os Estados Árabes apresentaram declínios de 5.6%, 5.4% e 6.5%, respetivamente.

O relatório revela ainda que a crise da covid-19, afeta mais os jovens, especialmente as jovens mulheres a encontrarem oportunidades de trabalho.


Vacinação completa impulsiona a criação de emprego


A Organização Internacional do Trabalho também apresenta a discrepância no processo de vacinação e nos pacotes de estímulo orçamental como causas desta estimativa. No segundo trimestre de 2021, para cada 14 pessoas com a vacinação completa era criado um emprego a tempo completo, impulsionando “substancialmente a recuperação” do mercado de trabalho global.


No entanto, devido à desigualdade no acesso a vacinas, este efeito positivo foi maior nos países de rendimento elevado, enquanto nos países de rendimento médio-baixo foi “negligenciável” e nos países de rendimento baixo foi “quase nulo”.


De acordo com o relatório, no início de outubro do ano corrente, 34,5% da população mundial estava totalmente vacinada. Porém, analisando regionalmente, os países de alto rendimento apresentavam uma taxa de 59,8% da população vacinada, enquanto os de rendimento médio tinham vacinada apenas 14,6% da população. Em último lugar, os países de baixo rendimento ficavam-se pelos 1,6%.


A OIT considera que os desequilíbrios na distribuição de vacinas da covid-19 poderiam ser “rápida e eficazmente resolvidos” através de uma “maior solidariedade global”. Além do mais, caso os “países de baixo rendimento tivessem um acesso mais equitativo às vacinas, a recuperação do número de horas trabalhadas alcançaria as economias mais ricas em pouco mais de um trimestre”, esclarece o comunicado.


Os pacotes de estímulo orçamental também são divergentes entre países, “com cerca de 86% das medidas de estímulo global a concentrarem-se em países de elevado rendimento”. Em relação ao último trimestre de 2019, as estimativas revelam que, em média, um aumento do estímulo orçamental de 1% do PIB anual fez aumentar as horas de trabalho anuais em 0.3%.


Nesta equação ainda temos de contabilizar a quebra da produtividade dos trabalhadores, por causa da pandemia. De acordo com o relatório da ILO Monitor, em 2020, o trabalhador médio de um país desenvolvido produziu 17,5 vezes mais por hora, do que o trabalhador médio em um país em desenvolvimento. Este ano, esta diferença aumentou para 18, o valor mais alto desde 2005.


Assim, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, conclui que "de forma dramática, a distribuição desigual de vacinas e capacidade orçamental estão a impulsionar estas tendências [divergências entre economias desenvolvidas e em desenvolvimento] e ambas precisam de ser resolvidas urgentemente".



Artigo escrito por: João Múrias


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